Depois da escalada dos últimos anos, os preços da casas em Portugal começaram a desacelerar no segundo trimestre de 2020. E a expetativa da Comissão Europeia (CE) é que venham a cair mais, no curto prazo. Sem apontar estimativas em forma de número, Bruxelas antecipa uma tendência de baixa dos preços da habitação no mercado português, atribuindo "culpas" à pandemia, mas dizendo que também o reforço da oferta de nova construção residencial deverá contribuir para este fenómeno de ajustamento. Por outro lado, o relatório da 12ª missão de avaliação pós-programa de ajustamento económico destaca a resiliência que o setor imobiliário tem mostrado nesta crise.

"Vários fatores apontam para uma nova desaceleração do crescimento dos preços da habitação, no curto prazo. O investimento na construção residencial continuou a aumentar no primeiro semestre de 2020 e é expectável que a oferta do mercado gradualmente se ajuste à procura. Além disso, a queda na atividade turística vai colocar mais pressão descendente sobre os preços, uma vez que o mercado de arrendamentos de curto prazo (Alojamento Local) provavelmente não retornará aos níveis pré-pandémicos em breve", pode ler-se no documento publicado pela Comissão Europeia, esta quarta-feira, dia 18 de novembro de 2020.

Apesar do travão registado no ritmo de crescimento do valor das casas, no terceiro semestre deste ano, em plena pandemia da Covid-19, os preços ainda subiram em Portugal: 1% entre julho e setembro face aos três meses anteriores, para 2.090 euros por metro quadrado (m2). Em termos anuais, ou seja, comparativamente com o terceiro trimestre de 2019, o aumento foi de 5,5%, segundo o índice de preços do idealista.

Moratórias no crédito à habitação e outras positivas, mas com riscos

Bruxelas diz, por outro lado, que as medidas adotadas pelas autoridades portuguesas e comunitárias, a par das moratórias dos bancos nacionais (nomedamente na área do crédito à habitação), ajudaram a suavizar o impacto negativo da pandemia para as famílias e as empresas nesta primeira fase da crise - assegurando a cobertura das necessidades de liquidez -, mostrando, porém, ressalvas quanto ao que aí vem, com receios sobre como vão reagir o sistema financeiro e a economia real, quando este ciclo de ajudas acabar.

"A incerteza em torno do materialização e magnitude para a economia real, e o subsequente impacto sobre o sistema financeiro, permanecem altos", diz Bruxelas, afirmando que "o sistema bancário português é mais resiliente agora do que no início do mundo crise financeira há uma década, mas também há novas vulnerabilidades".

No final de setembro existiam mais de 751 mil contratos abrangidos por moratórias, sendo que 42% diziam respeito a créditos à habitação, 29% a contratos de crédito ao consumo e os restantes 29% a contratos de créditos a empresas, segundo os dados mais recentes do Banco de Portugal. "Em junho de 2020, cerca de 17% do total do crédito à habitação e 30% do crédito às empresas beneficiavam de diferimentos de empréstimos, concentrados principalmente em micro e pequenas empresas", recorda a Comissão.

Perante isto "os bancos enfrentam riscos de deterioração da qualidade dos ativos, uma vez que os rácios de crédito malparado (NPL, na designação inglesa) são suscetíveis de aumentar no momento em que as moratórias dos empréstimos expirarem". Atendendo a este cenário de risco, a CE recomenda que "os bancos olhem para lá da suspensão temporária dos pagamentos e se preparem para um aumento dos incumprimentos", montando uma estratégia "atempada com os acionistas e clientes e aumentando as provisões de perdas".

E deixa também uma mensagem ao Governo: "neste contexto, o papel das autoridades é primordial para assegurar uma saída gradual das moratórias e de outras medidas".

Fonte: https://www.idealista.pt/news/imobiliario/habitacao/2020/11/19/45335-preco-das-casas-em-portugal-vai-cair-no-curto-prazo-antecipa-bruxelas#xts=

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