A adoção do teletrabalho, a gestão orientada para objetivos e não para a presença física dos colaboradores em horários fixos e a "utilização de ferramentas que já existiam, mas que encontravam maior resistência nos trabalhadores de mais idade" aconteceu de repente, graças à pandemia de covid-19. Para a consultora IDC Portugal, dentro de um ano teremos um crescimento de 50% nos negócios com presença digital.

"Nos estudos que vamos realizando para Portugal, tínhamos previsto que o teletrabalho estaria disseminado a 100% por volta de 2028-2030", revelou Gabriel Coimbra, vice-presidente da IDC Portugal. A multinacional norte-americana com mais de 50 anos de experiência de consultoria em tecnologia e transformação digital está em Portugal há mais de 20 anos, acompanhando as empresas nos processos de digitalização de negócios. "Em poucas semanas, o país deu um salto tecnológico de uma década, que foi um verdadeiro salto geracional em termos de cultura digital", explicou.

NOVA MENTALIDADE

"Neste momento, calculamos que, em vez de termos 39,3% de empresas com presença digital [INE, 2019], no próximo ano teremos 60%, o que representa um aumento de 50%", calculou o responsável da IDC. Entre o dia 18 de março, quando foi declarado o estado de emergência devido à pandemia de Covid-19 em Portugal, e o momento atual, funcionários públicos passaram a tratar de processos burocráticos a partir de casa, professores começaram a enviar trabalhos de casa e fichas aos alunos por e-mail, reunindo através de plataformas web gratuitas, o mesmo acontecendo a equipas do privado e de vários setores de atividade, que aprenderam a trabalhar de forma remota, a partir de casa, pelo computador e através do telefone.
"Isto eram ferramentas que já existiam e que eram, em muitos casos, amplamente utilizadas pelos mais novos, porém encontravam resistências por parte de alguns mais velhos. De repente, estamos todos a funcionar ao mesmo nível", notou Gabriel Coimbra.

E-COMMERCE VAI FICAR

Para muitos pequenos negócios locais, a Internet tem sido a "tábua de salvação" para realizar vendas, como os serviços de "takeaway" dos restaurantes ou as entregas de mercearias em casa. A Associação Economia Digital (ACEPI) estimava, no final do ano passado, que um total de 19% de empresas portuguesas fariam comércio eletrónico. No final de 2020, esse valor ter-se-á multiplicado várias vezes. "Os clientes que passaram agora para o digital já não vão abandonar o online", prevê Pedro Barbosa, CEO da Wise Pirates, com décadas de experiência profissional no retalho [ler mais ao lado]. Segundo um estudo recente, com outras três empresas dedicadas ao digital (Espaço 3D, StarkData e Play Growth), em Portugal, o e-commerce está a crescer 56% mais depressa, enquanto o retalho demorará três meses a atingir 70% do volume anterior de vendas. Os centros comerciais "nunca mais irão ter o mesmo tráfego", prevê o estudo.

Mais investimento - A IDC prevê que, a curto prazo, vá abrandar o investimento em tecnologia digital (devido a insolvências); contudo, quem sobreviver vai "ter de manter o investimento feito para continuar a atuar". Exemplos: Banca, seguros, retalho alimentar, telecomunicações.

Abrandamento - À medida que se transferem para o digital, as empresas vão gastar menos em servidores tradicionais, impressoras e outros periféricos.

Recuperação - Depois da quebra, virá a recuperação dos investimentos em tecnologia digital, com gastos mais focados em hardware portátil, software de segurança e aplicações para a cloud.

Fonte: https://www.jn.pt/economia/empresas-deram-num-mes-um-salto-de-uma-decada-12177232.html

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