Bastaram 48 horas para que as 50 casas de um empreendimento novo em Carnaxide fossem vendidas. Os compradores foram todos portugueses. A construção de imóveis “para a classe média” em Lisboa e no Porto é a grande resolução de ano novo do setor imobiliário. “Há bons projetos para isso”, garante Pedro Lancastre, diretor-geral da JLL Portugal. Em 2018 a imobiliária vendeu mais de 600 unidades residenciais, mais 20% do que no ano anterior, no valor de 350 milhões de euros. O preço médio das vendas ultrapassou os 700 mil euros. “Ainda há muita falta de oferta para a classe média, porque estas vendas são de imóveis reabilitados que são comprados pelo segmento alto ou muito alto. Por isso, quando chega ao mercado um empreendimento como o de Carnaxide, é logo vendido”. Em Lisboa, quase 70% dos licenciamentos aprovados em 2018 foram para reabilitação. “2019 tem tudo para ser ano fortíssimo” O ano que terminou foi de recordes no imobiliário comercial em Portugal. O número ainda é provisório, mas o investimento em imóveis como centros comerciais, escritórios, armazéns ou hotéis deverá ter atingido os 3,3 mil milhões de euros. É o equivalente ao valor acumulado entre 2008 e 2014, por exemplo. Uma soma “excecional” que, segundo Pedro Lancastre, dificilmente será repetida. Em 2017 já tinha sido batido o recorde, e o montante ficou-se pelos 1,9 mil milhões. “Em 2018 mudaram de mãos grandes carteiras de centros comerciais, como o Dolce Vita Tejo ou o Almada Forum. Terá sido um ano histórico neste capítulo. E são os centros comerciais que têm mais peso neste volume de investimento, porque são ativos de centenas de milhões. Qualquer ano que feche acima dos 1,5 ou dois mil milhões será bom para o mercado português. Acima disso é excecional, mas acontece poucas vezes”. O responsável acredita que 2019 vai ser “bom”, porque há operações que ficaram em banho-maria no ano passado e que deverão avançar em 2019. Incluindo alguns centros comerciais, ainda que “não com a mesma escala”. Mesmo assim, sublinha, “2019 tem tudo para ser um ano fortíssimo”. A grande esperança do setor imobiliário em 2019 reside, porém, nos REITs. A adoção destas sociedades de investimento, cotadas em bolsa, que são proprietárias de edifícios e responsáveis por colocá-los no mercado, foi anunciada pelo ministro da Economia no ano passado, e está a gerar expectativa entre os investidores. Para Pedro Lancastre os REITs podem mesmo vir a revolucionar o imobiliário em Portugal. “Ainda somos muito limitados ao nível dos veículos de investimento. Esta abertura vai trazer mais investidores e mais dinheiro ao país”. Fonte:https://www.dinheirovivo.pt/economia/construcao-e-mais-empresas-estrangeiras-animam-imobiliario-em-2019/