O director-geral da consultora imobiliária JLL, Pedro Lancastre, adiantou, em entrevista à Lusa, que o primeiro semestre de 2019 foi “muito forte” na venda de casas em Portugal, com predominância de construção nova e menos reabilitação. “Continuam-se a vender muitas casas em Portugal”, referiu o responsável, remetendo para os dados do Instituto Nacional de Estatística relativos ao primeiro trimestre, que apontam um crescimento de 8% na venda de casas, acrescentando que a construção nova ganhou terreno em relação à reabilitação de edifícios, com tendência a continuar. “No primeiro semestre foram licenciados 904 novos projectos, em Lisboa, de reabilitação e construção nova, mais 7% (do que no período homólogo do ano passado), mas neste semestre há uma maior predominância de construção nova, mais 11%, e em reabilitação menos 6%”, esclareceu Pedro Lancastre. A nova lei do arrendamento, que protege inquilinos idosos ou deficientes de despejos, a demora das câmaras a aprovar os projectos e o aumento dos custos de construção para reabilitar são as razões apontadas pela JLL para um menor interesse por este tipo de imóveis. Quanto aos valores das casas, o director-geral da consultora imobiliária referiu uma “suavização do aumento dos preços”, cujo aumento está agora a notar-se mais nas zonas fora dos grandes centros. Nas grandes cidades, “pode-se dizer que os preços estão a estabilizar”, afirmou. Relativamente ao imobiliário comercial, como escritórios, centros comerciais e hotéis, a JLL também assinalou um semestre forte, com cerca de mil milhões de euros em imóveis transaccionados. “Foi menos cerca de 29% (de imobiliário comercial transacionado) do que no ano passado, não obstante, estamos ainda num patamar muito alto para o semestre e as nossas perspectivas para o segundo semestre são muito animadoras”, acrescentou o responsável, considerando possível chegar aos três mil milhões de euros transaccionados até ao final do ano, em Portugal. Ainda em relação ao imobiliário comercial, a JLL, que esteve envolvida em 63% do volume total das transações neste segmento, aponta que 87% do volume total transaccionado foi feito com capital estrangeiro, proveniente, principalmente, dos Estados Unidos, França, Alemanha e Inglaterra. Outro dado salientado é a ocupação de escritórios, que aumentou 16% em Lisboa, causando um problema de falta de espaços, face à procura, que, segundo Pedro Lancastre, continua a aumentar. “Há muita procura (de escritórios) por multinacionais que, se não tiverem o espaço que procuram, arriscam-se a ir para outros países”, esclareceu o responsável. O primeiro semestre do ano também se destacou pelo “forte dinamismo” na transacção de hotéis, antecipando a JLL que este ano se vai “bater o recorde” nesta área de negócio. Para a consultora, não existe uma “bolha” no imobiliário, uma vez que, apesar de ter sido registado um aumento de 16% no crédito à habitação, há mais amortizações do que novo crédito concedido, com um novo máximo de 4,2 mil milhões de euros amortizados no crédito à habitação em 2018. Para o resto do ano, a JLL espera resultados positivos, com o aumento do peso de novas classes de activos alternativos, como por exemplo espaços de co-living (espaços habitacionais para partilha, com áreas comuns, preço baixo e todas as despesas incluídas) e residências para estudantes. A aprovação este ano das Sociedades de Investimento e Gestão Imobiliário (SIGI), que são a versão portuguesa dos Real Estate Investment Trust (REIT), são, na óptica da JLL, um mecanismo que vai também fomentar o mercado imobiliário, atraindo cada vez mais capital estrangeiro. Quanto às contas da JLL, no primeiro semestre a facturação subiu 14%, esteve envolvida em 63% do volume transaccionado em imobiliário comercial, com 12 transacções realizadas, e lançou 22 novos projectos residenciais (17 em Lisboa, quatro no Porto e um na zona de Setúbal). Fonte:http://www.magazineimobiliario.com/imobiliario/aumenta-construcao-nova-e-venda-de-casas-em-portugal/