A trabalhar lado a lado com a mediação imobiliária, a UCI Portugal começa a ver que "vão havendo sinais de que terá de haver um ajustamento" nos preços das casas em Portugal, tal como indica Carlos Vintém, Diretor Comercial desta instituição financeira especialista na concessão de Crédito à Habitação, através de profissionais do setor. Quanto à evolução do setor imobiliário e de crédito habitação, prevê que "a tendência seja a médio prazo para uma estabilização", mas ressalva que dependerá da capacidade de se construir mais oferta para a classe média. "Clientes a querer comprar casa há muitos, o desafio é encontrar casas disponíveis", aponta em entrevista ao idealista/news. O contexto de atual guerra de spreads, qual o que oferece a UCI e em que condições? A UCI preocupa-se em assegurar aos seus clientes as melhores condições de financiamento para o produto escolhido. Além de termos um spread competitivo, explicamos ao cliente que deve analisar outras variáveis como a TAEG e o MTIC, para estar seguro de que está perante a melhor solução de crédito. O MTIC, por exemplo, apresenta o montante total pago pelo cliente durante todo o período do empréstimo, juntando ao montante total do crédito a pagar, todos os custos associados a esse crédito (juros, comissões bancárias, impostos e outros encargos). Um spread mais baixo não significa necessariamente que o cliente vai pagar menos pelo empréstimo. O spread é só um custo entre outros. A TAEG contempla comissões bancárias (comissão de abertura, de formalização, de avaliação e de processamento da prestação, por exemplo), juros, despesas (com impostos e registo da hipoteca) e os custos dos seguros associados ao empréstimo. O nosso foco é, portanto, apresentar a melhor proposta ao cliente, contemplando a globalidade dos indicadores. Não cremos que esta seja a questão essencial, mesmo na perspetiva do cliente, porque, contrariamente ao que se pensa, um spread mais baixo não significa necessariamente que o cliente vai pagar menos pelo empréstimo. Há margem para o mercado baixar ainda mais as atuais ofertas de spreads? Até quanto? Há outro tipo de custos associados ao crédito habitação que têm de ser tidos em conta para se poder falar numa poupança efetiva para o cliente. Recomendamos por isso aos nossos clientes, como já referi, que se foquem mais no MTIC e na TAEG, indicadores que permitem ter uma visão mais global das despesas e encargos de um empréstimo, e que são por isso excelentes para comparar diferentes propostas de crédito. O spread é só um custo entre outros. Como perspetiva a evolução da EURIBOR nos próximos tempos? Com o anúncio recente do presidente do BCE de que vão ser tomadas medidas de estímulo à economia, admitindo mesmo a descida dos juros, não se espera que a Euribor entre em terreno positivo nos próximos anos. Há quem aponte 2024 como o ano em que a Euribor vai passar a barreira para o positivo, mas é sempre difícil prever com exatidão. Mas com valores negativos desde 2015, é provável que a médio prazo a Euribor tenha de aumentar, é uma questão cíclica. Não se espera que a Euribor entre em terreno positivo nos próximos anos. Mas com valores negativos desde 2015, é provável que a médio prazo a Euribor tenha de aumentar, é uma questão cíclica. Como perspetiva a evolução do mercado de crédito à habitação em Portugal? Olhando para a situação atual, em 2019 o valor das novas operações de crédito habitação continua a aumentar. Considerando o período de janeiro a maio, em 2019 houve um aumento de 8% em termos homólogos, o que é positivo, mas se olharmos para 2018 e virmos qual foi o crescimento no mesmo período em termos homólogos chegamos a uns impressionantes 23%. Acreditamos, por isso, que a tendência seja a médio prazo para uma estabilização. Tudo dependerá também de como se vão equilibrar a procura e a oferta. Clientes a querer comprar casa há muitos, o desafio é encontrar casas disponíveis e, portanto, da capacidade de construir casas para a classe média poderá depender a evolução do setor imobiliário e de crédito habitação. Clientes a querer comprar casa há muitos, o desafio é encontrar casas disponíveis e, portanto, da capacidade de construir casas para a classe média poderá depender a evolução do setor imobiliário e de crédito habitação. Como avalia o impacto das recomendações macroprudenciais do Banco de Portugal? As medidas do Banco de Portugal foram importantes porque evitaram alguns excessos que poderiam ser cometidos pelo mercado. Sendo o conceito de crédito sustentável algo que nos é muito caro há já muito tempo, estas recomendações foram apenas o reafirmar de cuidados que já tínhamos para garantir os menores níveis de risco nos processos dos nossos clientes. Olhando para os números que referi anteriormente do crédito habitação e do crescimento menos acentuado em 2019, certamente que as recomendações do Banco de Portugal tiveram um papel nessa estabilização. Como perspetivam a evolução dos preços das casas em Portugal? Os dados da Comissão Europeia apontam para que vá haver um ajustamento dos preços das casas em Portugal, com o aumento gradual da oferta de habitação, mas que esse ajustamento venha a ser lento. De facto, a nossa perspetiva é que vão havendo sinais de que terá de haver esse ajustamento, porque os profissionais do setor já vão notando que algumas casas demoram mais tempo a vender e que os preços não podem continuar a subir sob pena de alienar compradores. Agora é preciso que os vendedores também percebam que esse ajuste que esse ajuste é necessário, o que pode levar algum tempo. Os profissionais do setor já vão notando que algumas casas demoram mais tempo a vender e que os preços não podem continuar a subir sob pena de alienar compradores. Agora é preciso que os vendedores também percebam. Qual a importância das agências imobiliárias para o vosso modelo de negócio? Tem uma importância muito grande porque desde o primeiro momento que trabalhamos de perto com a mediação imobiliária e acreditamos que esta parceria produz melhores resultados para todos, principalmente para o cliente, que não só conta com a ajuda do intermediário de crédito para garantir que todo o processo burocrático da compra de casa é feito da melhor forma, com todos os cuidados necessários, como também é feita a ponte do processo para o crédito habitação, através do respetivo intermediário de crédito. Portanto, quanto melhor for o trabalho dos agentes imobiliários e melhor for a coordenação com o intermediário de crédito, maior será a satisfação dos clientes, menor será o risco das transações e mais e melhores negócios chegarão até nós, o que torna a nossa aposta no desenvolvimento profissional dos agentes numa aposta ganha à partida. Fonte:https://www.idealista.pt/news/financas/credito-a-habitacao/2019/09/06/40779-os-vendedores-precisam-perceber-que-e-necessario-um-ajuste-nos-precos-das#xts=582068&xtor=EPR-31-%5Bresumo_20190913%5D-20190913-%5Bm-01-titular-node_40779%5D-26662524@3