Há pelo menos dez anos que não eram vendidas tantas casas em Portugal. Compra de habitações por estrangeiros está em alta. O Porto está no topo do ranking das valorizações, registando uma subida de 28,8%. Lisboa mantém-se em alta, mas evidencia sinais de estabilização. É definitivo. O setor imobiliário fechou as portas à crise e deitou a chave fora. A compra de casas em Portugal está em alta e no ano passado voltou a crescer entre 15% e 20%. Entre janeiro e dezembro de 2018, terão sido vendidas cerca de 180 mil casas, mais 25 mil do que no ano anterior. As estimativas foram avançadas ao DN/Dinheiro Vivo pela Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP). Os números finais só serão apresentados em março pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), mas no último trimestre de 2018, o que falta contar, o ritmo de vendas deverá ter sido semelhante ao do resto do ano. Até setembro foram vendidas 132 mil casas, com o segundo e terceiro trimestres a superarem a marca das 45 mil transações. Segundo as previsões da APEMIP para o conjunto do ano, o total de vendas terá oscilado entre as 176 mil e as 183 mil habitações. Mais do que 2013 e 2014 juntos. Por dia, foram vendidas cerca de 500 casas em Portugal. É um aumento de 125% desde 2014. As imobiliárias prevêem que as vendas continuem a aumentar, tal como os preços. As imobiliárias confirmam que as famílias portuguesas regressaram em força ao mercado, à boleia da recuperação da economia e da torneira aberta dos bancos. A JLL, por exemplo, vendeu 50 casas novas em Carnaxide em 48 horas a compradores portugueses. Mas à semelhança do que acontece desde 2012, ano da criação dos vistos gold, os estrangeiros continuaram a açambarcar uma fatia larga do mercado imobiliário em Portugal. Também segundo a APEMIP, terão representado 20% das vendas de casas no ano passado. Traduzido em números, os estrangeiros compraram cerca de 35 mil casas em Portugal em 2018. Houve, no entanto, uma queda ligeira em relação a 2017, ano em que os compradores internacionais tomaram conta de 25% do mercado. "A percentagem não se deve ao decréscimo do investimento estrangeiro, mas ao aumento da representatividade do mercado interno", explica Luís Lima, presidente da APEMIP. Brasileiros e, sobretudo, franceses continuam a ser os que mais procuram casa em Portugal. "Cidadãos destes países têm apostado um pouco por todo o país e nota-se verdadeiramente uma descentralização do investimento para fora das principais cidades. Por outro lado, continua a haver uma manutenção das transações feitas por cidadãos britânicos, que preferem, tal como é tradicional, a região algarvia", conta Luís Lima. As imobiliárias prevêem que as vendas continuem a aumentar, tal como os preços, em 2019. Em novembro do ano passado, a avaliação bancária das casas atingiu os 1215 euros por metro quadrado, o valor mais alto desde que há registo. Já a APEMIP prefere, "pela primeira vez", não avançar com previsões para 2019, porque é "difícil prever as flutuações deste mercado", justifica Luís Lima. "O mercado imobiliário continua a ter todas as condições para continuar a crescer, e é o que acreditamos que aconteça, ainda que se possa assistir a uma ligeira desaceleração do crescimento, que também é natural. Por outro lado, o facto de este ser um ano de eleições deixa o mercado apreensivo, o que poderá ter algumas repercussões. De qualquer modo, se tudo se mantiver como está e se não forem tomadas nenhumas medidas que possam influenciar negativamente o bom momento deste setor, acredito que a rota de crescimento se mantenha." Preços aumentaram 15,6% num ano Os preços das casas em Portugal registaram uma subida de 15,6% no espaço de um ano. A subida foi impulsionada pelos aumentos dos preços nos concelhos das áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, revela o Índice de Preços Residenciais da Confidencial Imobiliária para o terceiro trimestre de 2018. A forte procura de imóveis para usos turísticos e por casas de gama alta, nomeadamente de estrangeiros, e o reavivar do mercado interno explicam esta valorização. O Porto é o concelho onde os preços mais cresceram a nível nacional. O custo dos imóveis registou no terceiro trimestre de 2018 uma subida de 28,8% em relação ao período homólogo de 2017. "O Porto está no topo do ranking das valorizações" e este incremento prende-se com os investimentos de carácter turístico e com a reabilitação para habitação de gama alta, acompanhados pelo regresso das famílias ao mercado, explica Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliária. Fonte:https://www.dn.pt/edicao-do-dia/21-jan-2019/interior/foram-vendidas-500-casas-por-dia-em-2018-10463407.html